quarta-feira, 29 de julho de 2015

Cadê o papai?

Essa foi a pergunta que a Maria Luiza me fez naquela tarde de 25/11/2014.
Ela sabia que sempre que ficava na vovó o papai estava trabalhando, mas aquele dia estava diferente, tinha muitas pessoas, não era aquele movimento que ela estava acostumada.
Ela me disse assim"o papai está trabalhando em Patrocínio no carro da polícia", e tudo o que eu consegui dizer foi " não filha, o papai agora trabalha no céu, sendo seu anjinho da guarda"; "tudo bem mamãe" foi o que ela na sua inocência me respondeu.
Hoje você mesma já diz isso, "meu papai está lá no céu".
Mas o dia em que você estiver na sua capacidade de entender o que realmente aconteceu poderá então ler nas minhas palavras como foi aquele dia...
Naquele dia era a sua folga, ele não ia trabalhar, até que uma colega ligou dizendo que estava passando mal e não poderia assumir o plantão. Você irá ouvir muitas vezes como o papai era prestativo. E dessa vez, não só decidiu ajudar alguém como pensou em nós, como sempre. Ele disse assim "não briga comigo amor, mas amanhã irei voltar em Patrocínio, pois minha colega não poderá assumir o plantão e eu resolvi cobrí-la porque assim já marcamos a nossa viagem de levar a Maria Luiza na praia". O papai tinha combinado contigo de te levar na praia e ele estava planejando tudo.
Era 06:15 quando ele saiu da nossa casa e não voltou mais. Me lembro que na noite anterior você brincou um pouco na nossa cama, deu um beijo no papai e fui fazer você dormir no seu quarto.
Quando voltei dei-lhe um beijo, disse amanhã você me chama, já arrumei suas coisas, boa noite e dorme com Deus. Acordei com ele escovando os dentes, namoramos... (nos meus momentos de fé, vejo o quanto Deus nos abençoou, deixou que nos despedíssemos), tomamos café, ele disse assim, no sábado vamos comer comida japonesa. Foi no seu quarto e vi o momento em que lentamente acariciou seu cabelos. Me abraçou. me deu um beijo e disse "daqui a pouco já te ligo","leve a sua chave" eu respondi e saiu.
Ainda não sei como irei te contar do acidente, o papai era o melhor motorista, não foi culpa dele, mas também não foi culpa do moço do caminhão, ele também era papai. Os dois foram juntos para o céu.
Tenho deixado os dias passarem, mas à vezes me pego pensando em como te contar, como explicar que o papai ficou tão machucado que nem a mamãe pode vê-lo. Por outro lado, meu coração quer acreditar que Deus sabia que a mamãe não aguentaria ver o papai sem vida. Às vezes é bom pensar que simplesmente o papai agora mora no céu.

2 comentários:

  1. Cada palavra, me traz as lembranças do dia 25/11. Saberemos conversar com a Maria Luiza sobre isso será natural e simples como é o Renato.

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