segunda-feira, 4 de julho de 2016

As coincidências da mamãe ou as intercessões do papai

O tempo vai passando e a saudade vai crescendo... pra mamãe à cada dia que passa é um dia vencido de dor, ausência e saudade... muitas coisas aconteceram nesse 1 ano e 7 meses, já vivenciamos muitas coisas sem o papai, a vida segue sem tempo muitas vezes para chorar e para colocar para fora toda a minha tristeza, minha solidão e minha saudade. Mas é incrível como a presença do papai é tão forte em muitos momentos.
Desde que o papai se foi nunca deixei de conversar com ele, sempre peço que ele me ajude, que não nos abandone, às vezes até brigo: tá pensando o que, acha que é ir embora e pronto? Claro que não tem que nos ajudar... rsrs
Algumas coisas aconteceram e acontecem, graças à Deus, para nos comprovar que àqueles que nos amam nos ouvem e intercedem por nós juntos ao Pai.
Na semana anterior ao acidente o papai havia trocado o carro da mamãe, ele vendeu o carro que eu tinha papa o titio Neuber e então compramos o carro vermelho que a mamãe tanto queria... mas o papai só andou nele para decidir a compra ele ficou parado na garagem esperando o papai chegar para fechar o seguro... mas não deu tempo. Então, depois de tudo a mamãe foi atrás do seguro para poder usar o carro. Era próximo no Natal, tínhamos ido ao Makro, eu, você, o vovô Neuber e a vovó Fátima, na volta passamos em um posto de gasolina para abastecer o carro, me lembro que pedi ao frentista para completar, logo à minha frente tinha um calibrador de pneus, olhei para ele abaixei a minha cabeça, e disse assim: "como vai ser agora, eu não sei nada de carro, não sei nada sobre esse carro, a única coisa que sei é pedir pra abastecer e olha que até isso eu ganhava pronto muitas vezes, como que eu vou fazer", mal falei assim, o frentista bateu no vidro, eu abri, e ele me perguntou se eu queria calibrar os pneus. Me lembro que levei um susto e disse que sim que eu queria. Pra mim foi como se o papai estivesse me ouvindo, foi instantâneo.
Véspera de ano novo daquele ano, o primeiro sem o papai, outra grande "coincidência". Estávamos na casa da vovó Fátima, onde ficamos quase dois meses, eu estava sentada no corredor dos quartos, chorando e eu disse assim:"Renato se você pode me ouvir, me ver, alguma coisa assim, fala comigo, sei lá, faz alguma coisa." e então você veio lá da sala, parou na minha frente, deu um selinho na minha boca e voltou pra sala. Eu fiquei anestesiada, foi tão rápido!!!! E então logo em seguida peguei meu celular, acessei o facebook e a primeira postagem que tinha era:

Meu Deus... foi como ouvir o papai falar... era assim que ele me chamava: "amor". Como encheu meu coração da presença dele... muitas outras coisas aconteceram... 
A primeira vez que levei o carro na revisão, peguei ele no final do dia e antes de sair da oficina pensei comigo mais uma vez:"não sei nada de carro, se as pessoas quiserem me passar pra trás não vou nem saber". Assim que saí da oficina um Tiida Sedan preto, igual ao carro que o papai tinha apareceu e foi acompanhando a mamãe até quase a mamãe chegar no serviço. Pra mim foi como se ele dissesse, "estou com você", ninguém vai te passar pra trás. O carro do papai não era comum, há poucos dele na cidade, é um carro de gente inteligente, dizia ele, por isso pra mim sempre foi um sinal do papai por perto. 
Desde o papai se foi a sua alimentação não é boa, e isso sempre estressou bastante a mamãe, afinal você era um bebê que comia de tudo... era um sábado à noite, estávamos só nós duas em casa, você me enrolava pra não comer e ainda deixou cair comida no tapete. Eu fique muito irritada, nervosa e gritei com você, você olhou pra mim com a carinha assustada e disse assim:"mamãe é só limpar", eu vi o papai nos seus olhos, era assim que ele falava comigo quando eu estava nervosa, calma, é simples... mal dormi aquela noite, acordei chorando, desesperada por não saber o que fazer, me sentindo culpada, muito mal, me ajoelhei na sala da nossa casa, rezei muito e pedi ao papai para me ajudar, aquela semana foi uma benção, você comia direitinho...  Hoje ainda temos algumas dificuldades com a alimentação, devido às fases que passamos, mas naquele dia senti o papai ali ajudando a gente.
No ano passado você foi convidada para desfilar para uma loja de roupas infantis, quando você tinha 2 aninhos, você já tinha desfilado para uma outra loja. No dia então do desfile, a mamãe estava indo trabalhar, chorando como na maioria dos dias e lembrando que no seu primeiro desfile o papai estava trabalhando e chegou bem na hora de ver você entrar na passarela, então indaguei se ele iria vê-la desfilar naquele dia, parei no semáforo de um rua que descia e de outro lado o semáforo abriu e subiu um carro igual ao do papai, eu comecei a rir e falei comigo mesma: "ah então você vai estar lá..."
Para muita gente pode não ser nada, mas pra mim é o que aquece o meu coração.
Uma coisa curiosa que de vez em quando acontece é quando chegamos em casa sozinhas, tarde da noite... eu sempre tive muito medo de ser abordada, assaltada... mas às vezes acontece que chegarmos tarde e então sempre peço para o papai nos proteger, olhar por nós... e então quando entramos em casa você diz:"mamãe quem está aqui em casa?", e então um sorriso brota no meu rosto.
Você minha flor é muitas vezes uma porta-voz para acalmar meu coração. Era o primeiro dia das mães e eu resolvi fazer um almoço aqui em casa, acordei cedo lembrando de como era gostos quando a gente cozinhava junto e como a gente gostava de receber as pessoas aqui em casa, chorei e perguntei se o papai ia se lembrar de mim naquele dia das mães... recebemos nossos familiares, passamos o dia em casa e quando fomos deitar você pegou um papel enrolado sobre o criado do meu quarto, me entregou e disse assim: "isso aqui mamãe é pra você, foi o papai quem mandou", eu desenrolei e era uma estampa de Jesus Misericordioso, embaixo estava escrito "Jesus Misericordioso" e então você disse assim "viu mamãe é pra você mesmo está escrito Kellen Cristina" não tinha como não me emocionar... o papai não havia se esquecido da mamãe. E assim também aconteceu no meu primeiro aniversário sem o papai, passamos todo o dia juntas, você viu as pessoas me cumprimentarem e você nada... Quando fomos deitar você me abraçou e disse assim: "Parabéns! Eu te amo!" era assim que o papai fazia...
Muitos momentos assim aconteceram, várias "coincidências"...
No final do ano de 2015 a mamãe não estava satisfeita com o trabalho dela, estava angustiada, muita pressão e nós íamos viajar para Foz do Iguaçu, no dia 29 de dezembro, saí então do trabalho, o último dia de trabalho do ano, muito chateada e chorando muito, e eu falava com o papai que eu estava cansada, que eu era grata por aquele trabalho mas que eu precisava de ajuda, não estava mais aguentando, que o papai precisava me ajudar, pois afinal ele sabia da pressão daquele trabalho e ele mesmo queria que a mamãe arrumasse outra coisa. Assim que falei parei em um semáforo e do outro lado desceu um carro igual ao do papai, eu comecei a rir e falei "que bom, você vai me ajudar!". Fomos viajar, fiquei tranquila, nos divertimos e quando voltamos, cheguei ao trabalho e fui então dispensada... saí de lá leve, com o coração calmo... confiante de que alguém olha pela mamãe e por você... passamos juntinhas as suas férias de janeiro, passeamos muito e então, no dia 25, dia em que fazia 1 ano e 2 meses que o papai partiu, fomos à missa e quando chegamos em casa bateram na nossa porta. Era o tio Douglas como você o chama, ele foi chamar a mamãe para trabalhar na empresa dele, justo naquele dia!!!
Ah, antes de viajar levei o carro para revisão, estava com um barulho estranho, daí eu estava preocupada pois precisávamos do carro para irmos, levei na oficina e o rapaz que me atendeu disse assim, espera só um minuto que vou chamar o mecânico para te acompanhar, o nome dele é Renato. Eu não sabia se ria ou se chorava... 
Ah, esse eu também não podia me esquecer, foi em maio/2015 estávamos indo pra praia, você ia conhecer a praia como o papai havia te prometido. Quando a gente arrumava as malas você me disse que o papai ia junto com a gente... fomos então para Riviera em São Paulo, eu estava dirigindo, e quando se fez um pouco de silêncio, me lembrei do que você disse e então perguntei: "será que você realmente vai estar conosco como disse a Maria Luiza?" e mal terminei de pensar, olhei no retrovisor e lá vinha um Tiida preto, deixei ele passar, vi que era o hate não o sedan, e no mesmo instante foi como se dissesse na minha mente, não posso estar do jeito que vocês querem, mas estarei da forma como posso...
Muitos momentos fortes aconteceram... A mamãe tentou relatar um pouquinho do que tem acontecido... momentos que para mim são para reafirmar a presença do papai na nossa vida...
Espero ainda escrever muitos e muitos momentos assim para você crescer, ler e entender como o papai está sempre no seu coração, assim como está no meu...